China aumenta participação em portos brasileiros para reduzir dependência de alimentos dos EUA.

Autoridades chinesas dizem que podem facilmente reduzir as importações de produtos agrícolas dos EUA e ainda atingir sua meta de crescimento de 5% neste ano. O Brasil — e, em menor grau, a Argentina — preencheria a lacuna, dizem analistas. Nesse sentido, o porto de Santos se insere num plano mais amplo do país asiático para garantir acesso à abundância agrícola da América do Sul, num contexto de escassez de água e terras agricultáveis no próprio país, relata WSJ.
Empresas chinesas também estão construindo centenas de quilômetros de ferrovias no coração agrícola do Brasil e concluindo o porto de águas profundas de Chancay, na costa do Pacífico do Peru, avaliado em US$ 3.500 bilhões. Pequim também discutiu com governos regionais a possibilidade de criar uma ferrovia que vá da costa do Pacífico do Peru até os portos atlânticos do Brasil.
Influência chinesa nos portos brasileiros
O porto de Santos é a principal porta de entrada para as exportações sul-americanas de soja e outros produtos agrícolas, representando a única fonte alternativa viável de fornecimento da China às exportações dos EUA. Embora a China tenha reduzido sua dependência de alimentos americanos, as safras continuam entre as principais exportações dos Estados Unidos para a China.
Nesse contexto, o conglomerado agrícola estatal chinês Cofco está construindo seu maior terminal de exportação fora da China no porto de Santos para movimentar embarques de milho, açúcar e soja. Vale ressaltar que em março de 2022, a Cofco garantiu uma concessão de 25 anos para desenvolver o terminal STS11 no Porto de Santos, comprometendo-se a investir aproximadamente US$ 285 milhões no local.
O conglomerado portuário estatal chinês China Merchants Port Holdings já havia adquirido uma participação de 2017% na operadora portuária de Paranaguá em 90 por US$ 925 milhões. A estatal China Railway também está construindo parte de uma ferrovia conectando o cinturão agrícola central do Brasil com portos no leste e norte do país.
Em 2023, o Brasil foi responsável por cerca de um quarto das importações agrícolas da China, enquanto a participação dos Estados Unidos caiu para cerca de 14%, mostram dados do governo. O Brasil atualmente fornece cerca de 70% dos embarques de soja para a China. Cerca de 30% passa por Santos, e uma proporção menor é enviada por Paranaguá e pelos portos do norte de Itaqui e Barcarena.
Nessa situação, o Santos mal consegue acompanhar. No ano passado, o porto movimentou um recorde de 180 milhões de toneladas de carga, 60% das quais eram produtos agrícolas. Além disso, mais de 90% da capacidade portuária brasileira para exportação de granéis agrícolas está em uso, ultrapassando o limite de segurança operacional de 85%, segundo a consultoria de logística Macroinfra.