Mercados em movimento:

A África do Sul está fazendo grandes progressos: o Reino Unido, os Países Baixos e os Emirados Árabes Unidos estão liderando o caminho.

Com um fornecimento cada vez mais consistente e uma logística mais previsível, a África do Sul está consolidando sua posição no mapa global de mirtilos. O Reino Unido está assumindo a liderança como destino, a Holanda mantém seu papel como polo europeu e os Emirados Árabes Unidos estão ganhando força como um mercado de alto valor, enquanto Alemanha, Hong Kong e Singapura estão expandindo sua base de demanda.

A África do Sul está passando por uma reviravolta comercial. O Reino Unido está consolidando sua âncora de valor em programas de varejo, onde a consistência no destino, a consistência na entrega e a construção da marca definem o preço e a fidelidade do cliente. A Holanda mantém seu papel como um centro logístico e de reexportação para a Europa, fundamental para organizar fluxos, reduzir os tempos de trânsito e fornecer previsibilidade aos programas.

Participação na exportação de mirtilos da África do Sul por país, 2024/25.

 

O "segundo bloco" de compradores está se consolidando e reduzindo a dependência de um único destino. Os Emirados Árabes Unidos estão acelerando fortemente entre 2020/21 e 2024/25 (de 562 para 1.873 t), consolidando sua posição como um nicho premium e em janelas de preços mais favoráveis. A Alemanha está crescendo de bases baixas para 1.838 t em 2023/24 — com um ajuste para 1.568 t em 2024/25 — enquanto Hong Kong e Cingapura estão fortalecendo seu papel como polos logísticos na Ásia, proporcionando flexibilidade de horários e rotas.

Este realinhamento não é pontual: reflete uma estratégia combinada de mercados de alto padrão (Reino Unido), eficiência operacional (Holanda) e diversificação geográfica (Golfo e Sudeste Asiático). O resultado é um portfólio de destinos mais equilibrado, com maior capacidade de capturar janelas de preços e distribuir riscos ao longo da temporada.

Evolução por parceiro (2015/16–2024/25): Reino Unido assume a liderança; Holanda continua sendo um centro; Emirados Árabes Unidos aceleram.


Tabela mostrando os volumes de exportação de mirtilo da África do Sul por parceiro comercial e ano.

Produção e qualidade: a base do posicionamento

O aumento das exportações é sustentado por uma combinação de escala e qualidade. Entre as temporadas 2020/21 e 2024/25, as exportações cresceram 44% (de 18.285 para 26.301 toneladas). Embora tenha havido uma ligeira queda de 0,68% entre 2023/24 e 2024/25 (de 26.482 para 26.301 toneladas), os indicadores no destino permanecem sólidos: as taxas de rejeição permanecem baixas e reforçam a reputação da origem sul-africana.

O aumento no volume não se deve a mais hectares, mas sim a um salto na produtividade: maturação do pomar, substituição de variedades por materiais de maior rendimento e maior vida útil, além de práticas de manejo aprimoradas, como controle de temperatura, segregação por atributos e maior vida útil pós-colheita. Essa disciplina no campo e na pós-colheita reduz perdas "invisíveis" e melhora a consistência da fruta no destino.

Em um ambiente europeu de regulamentações rigorosas, a rastreabilidade e o controle de resíduos funcionam como verdadeiras licenças para competir. O setor investe em pós-colheita e gestão de dados para antecipar riscos logísticos e garantir, no recebimento, atributos-chave como firmeza, teor de açúcar e homogeneidade.

Barras com o total de exportações de mirtilos sul-africanos para a campanha 2020/21–2024/25.

Mapa de transformação e produção varietal

Após a interrupção de 2021-2022 — marcada pelo excesso de oferta peruana e gargalos logísticos — 2025 marca o início de um novo ciclo de investimentos. Para 2025-2026, estão previstas substituições varietais por materiais dos Estados Unidos, Austrália e Espanha, visando obter maiores rendimentos, calibres mais elevados e melhor vida útil pós-colheita. Essa mudança é acompanhada por modelos comerciais mais abertos e maior autogestão das exportações por parte dos produtores.

A oferta é estruturada em torno de dois polos. O Cabo Ocidental responde por quase 60% da indústria, com fazendas maduras e microclimas diversos; a Região Norte contribui com aproximadamente 40% e inclui Limpopo, Mpumalanga e KwaZulu-Natal, com plantações jovens em ascensão. Essa arquitetura de produção sustenta um cronograma competitivo e escalonado, capaz de ajustar a oferta e a demanda ao longo da temporada.

 

O calendário apoia a estratégia comercial. A genética contra-sazonal permite o abastecimento do mercado interno a partir de janeiro; a Região Norte inicia a colheita em junho e atinge o pico em agosto; e o Cabo Ocidental opera com um atraso de quase um mês. Esse padrão favorece a adesão ao programa e a captura de melhores janelas de preços em diferentes destinos.

Implicações comerciais e próximos passos

Com o Reino Unido como mercado âncora, a prioridade é fortalecer a consistência do destino e a narrativa da marca, sem perder a eficiência operacional que a Holanda oferece como polo de consolidação e reexportação. Paralelamente, a abertura de rotas para o Golfo e o Sudeste Asiático aumenta a resiliência e as margens em semanas-chave.

O ajuste fino dependerá da execução: colheita no ponto ideal, controle térmico do campo ao varejista, segregação por atributo e monitoramento com ferramentas objetivas para garantir a qualidade acordada. Paralelamente, melhorias logísticas – trabalho coordenado com portos e operadores – continuam a aumentar a previsibilidade dos embarques marítimos.

Olhando para o próximo ciclo, a combinação de genética moderna, disciplina operacional e diversificação de mercado sustenta a posição da África do Sul como um país de origem competitivo. Um portfólio de destinos mais amplo e operações mais previsíveis se traduzem em melhor captura de valor e relacionamentos comerciais de longo prazo.

fonte
Consultoria BlueBerries

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