Validam método rápido e preciso para analisar atividade antioxidante de frutas vermelhas

Uma equipa de investigação do Centro La Mojonera de Almería, do Instituto de Investigação e Formação Agrícola e Pesqueira, do Instituto de Ciência, Tecnologia e Nutrição Alimentar e da Universidade de Valência desenvolveu e validou uma metodologia para análise in situ da atividade antioxidante de frutas vermelhas.
O sistema permite a avaliação de extratos, produtos e subprodutos da indústria agroalimentar que podem posteriormente ser incluídos em medicamentos e suplementos nutricionais. Além do mais, confirmaram que ocorrem reações químicas que ativam esses benefícios, o que permitirá explorar novos desenvolvimentos e aplicações.
Um dos objectivos da indústria agro-alimentar é a extração de substâncias benéficas para a saúde a partir de diferentes produtos e subprodutos. Dentre eles, destacam-se os compostos fenólicos, principalmente os flavonóides, que atuam favorecendo o organismo devido à sua alta capacidade antioxidante.
Inserção direta de eletrodo
Esses compostos interagem com os radicais livres, causadores de diversas doenças, como o câncer, minimizando seus efeitos. O método consiste na inserção direta de eletrodos no produto a ser estudado, como se fosse um termômetro. Os pesquisadores já haviam aplicado essa metodologia com sucesso em frutas frescas, confirmando sua fácil aplicação e precisão nos resultados.
Dentro do grupo dos flavonóides, os investigadores concentraram-se nos efeitos das antocianinas, grupo de pigmentos naturais responsáveis pela cor vermelha, roxa ou azul de muitas flores e frutos, com reconhecidas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. «Confirmamos que o sistema permite não só analisar os compostos fenólicos presentes nos frutos, mas também a sua interação com outras substâncias reativas que lhes conferem um caráter antioxidante ainda maior", disse à Discover Foundation a investigadora da IFAPA, Irene Domínguez, autora do artigo.
Ação e reação
Essas substâncias, chamadas ROS (espécies reativas de oxigênio), são altamente reativas e interagem com compostos fenólicos. Exemplos de ROS são radicais livres ou peróxido de hidrogênio, que causam estresse celular e que podem levar a diversas doenças, como doenças cardiovasculares ou câncer.
A voltametria de micropartículas é uma técnica eletroquímica, um ramo da ciência que estuda as interações entre compostos e potencial elétrico. Permite a análise de amostras sólidas e é comumente utilizado para a detecção de metais pesados. Através deste procedimento, a composição pode ser conhecida medindo-se a corrente elétrica gerada pelos eletrodos e o fluxo de elétrons que ocorre entre as moléculas.
Esta é a metodologia
A metodologia consiste em inserir eletrodos no produto a ser estudado, como se fosse um termômetro.
O sistema de eletrodos utilizado permite estudar as reações de oxidação-redução (redox) que os compostos sofrem. Essas reações ocorrem pela transferência de elétrons entre moléculas.
Aquele que perde elétrons é oxidado e aquele que os ganha é reduzido. No estudo, Os especialistas demonstraram que a oxidação de cada uma das antocianinas presente na amostra produz um sinal de corrente intenso e bem definido que é representado em um gráfico, denominado voltamograma.
Além disso, dependendo do potencial aplicado e na presença de oxigênio, são geradas ERO que reagem com essas substâncias. Esses resultados confirmam a alta capacidade antioxidante das frutas vermelhas, e mostram que os compostos responsáveis por isso, após interagirem com espécies reativas, podem apresentar atividade ainda maior contra radicais livres.
Aplicações da técnica
Esta metodologia foi aplicada com sucesso a amostras de tomate fresco e mirtilos, chá, bem como uvas liofilizadas, framboesas e mirtilos. A sua utilização permitiu caracterizar e distinguir diferentes variedades e tratamentos, tanto pré como pós-colheita. «Dado o elevado potencial da técnica no setor agroalimentar, atualmente, continuamos a otimizar a metodologia para sua aplicação em outros produtos de origem vegetal, tanto in natura quanto processados", complementa a pesquisadora.
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