Jorge Esquivel: "Qualidade e estratificação..."
Jorge Esquivel Manterola, director da Blueberries Consulting, teve uma excelente participação no 11º Encontro Nacional de Produtores de Mirtilo realizado em Portugal. O renomado especialista e consultor internacional foi convidado a falar sobre as mudanças e desafios que se esperam para a indústria global de mirtilo.
Na sua apresentação: "Tendências futuras na indústria do mirtilo", Jorge Esquivel definiu com precisão o enquadramento em que a indústria atual se encontra e elaborou em pormenor os grandes desafios de pertencer a uma indústria que continua a crescer e que, segundo o último relatório do Organização Internacional de Mirtilos, pode atingir uma produção de 3 milhões de toneladas em 2025, o que significaria quase triplicar os volumes atuais e, com isso, aumentar os desafios.
Presente de incertezas
Esquivel abordou os principais temas de interesse dos produtores, empresários e investidores presentes, destacando que essas previsões para a sustentabilidade da indústria global dependem do cenário econômico e político global incerto, atravessado pelas consequências da pandemia, o impacto das mudanças climáticas e as repercussões da guerra, todos os elementos que afetam a participação dos players do setor, as estratégias de concorrência, o comportamento do consumidor e a relevância da sustentabilidade como requisito na produção de mirtilo.
Mudança varietal
A crise logística decorrente da pandemia, o atraso nos tempos de transferência das frutas, os novos padrões de consumo e as maiores exigências do mercado devem levar os produtores a buscar soluções por meio da substituição varietal para recuperar a competitividade e evitar a diminuição de retornos.
O objetivo é obter variedades que possam ser mais eficientes no uso da água, mais produtivas, que ofereçam frutos com melhor sabor ou maior calibre, bom desempenho pós-colheita, entre outras qualidades.
A este respeito, o diretor da Blueberries Consulting chama a atenção dos presentes para que enfrentem com cautela a reposição varietal e se disponham de abundante informação prévia sobre as qualidades específicas das variedades e as condições dos vários programas oferecidos e, por outro lado, assumir a gestão da fazenda com muita responsabilidade, pois o simples fato de mudar a variedade não resolve todos os problemas a serem enfrentados.
"Tão importante quanto escolher uma variedade adequada, é preciso ter uma estratégia comercial, definir objetivos de produção e manejo pré-colheita adequado e pontual, para exigir o máximo potencial genético da variedade", alerta Jorge Esquivel, com base em sua vasta experiência como consultor de projetos produtivos em diferentes geografias e condições climáticas diversas em vários países, tanto em solo quanto em substratos convencionais ou orgânicos.
Programas
O agrônomo e mestre com especialização em nutrição de plantas e química do solo, explica que vários programas de genética criaram novos modelos de negócios. Enquanto alguns desenvolvedores genéticos vendem uma gama de variedades de acordo com a qualidade buscada pelo produtor, outros oferecem não apenas a produção de suas variedades premium, mas também a sua comercialização e comercialização sob marca própria.
Estratificação
Alguns programas genéticos estão empenhados em criar marcas próprias de comercialização e promover a estratificação das marcas nos retalhistas para receber o preço de acordo com a qualidade e condição com que a fruta chega às suas prateleiras.
O mau estado e a qualidade de uma variedade lançada podem afetar a de uma variedade premium. "É por isso que se promove a estratificação", disse o relator.
A longa experiência de Jorge Esquivel na liderança das atividades de extensão e formação da indústria do mirtilo, dotando-a permanentemente de informação de qualidade e conhecimento relevante, permite-lhe abordar adequadamente vários temas e partilhar o seu vasto conhecimento com os presentes, tanto na sua apresentação como nos restantes espaços da reunião.
Sustentabilidade e consumo
Sobre os desafios da sustentabilidade da atividade produtiva, ele alerta que muitos produtores têm experimentado alterações em suas safras devido a temperaturas inesperadas, enquanto outros simplesmente veem como o investimento em seus frutos se perde devido a fenômenos climáticos inusitados. Destaca que os custos para a sustentabilidade têm sido incorporados pelos produtores por meio de sistemas agrícolas protegidos, melhorias na eficiência do uso dos recursos hídricos por meio de instrumentos digitais e na aceitação de regulamentações governamentais, pois a demanda dos consumidores, tanto de seus governos quanto das empresas , exigem medidas que protejam o meio ambiente com regulamentações mais rígidas. “Por outro lado, o consumidor exige embalagens recicláveis ou compostáveis, enquanto cresce a tendência de consumir produtos locais para reduzir a pegada de carbono”, diz.
Economia mundial e demanda
Jorge Esquivel, na sua visão holística do futuro da indústria do mirtilo, pára numa breve análise da economia mundial, que está a ser sobretudo afectada pelas consequências da pandemia e pelo alcance da guerra, que está a afectar a escassez de alguns produtos essenciais e principalmente recursos energéticos. Sua visão é que, apesar da inflação global, há alguma tranquilidade em relação ao consumo futuro de mirtilos. “A penetração do mirtilo na Europa e na Ásia ainda é baixa, então há muito espaço para crescimento na demanda. Na China, uma família consome em média um ou dois mirtilos por ano”, diz.
Líderes e emergentes
No horizonte da indústria global, Esquivel destaca a continuidade da irrupção de novos players que estão ingressando no setor, fazendo crescer não só o mapa da demanda, mas também a geografia da produção agrícola no planeta. Principalmente aquelas que possuem mão de obra qualificada e barata, disponibilidade de recursos naturais e fazendas relativamente novas, então começam cultivando variedades modernas, de boa qualidade e alto rendimento.