Carla Toranzo, coordenadora para América Latina e Caribe da Alliance for Water Stewardship (AWS), disse

A eficiência hídrica não deve ser resolvida apenas em nossa fazenda, devemos ter uma visão de bacia

A desigualdade no acesso aos recursos hídricos no Peru é vista de fora no quadro do desenvolvimento do agronegócio. Por isso, uma visão abrangente deve incluir o uso adequado do recurso não só nas fazendas, mas também nas bacias com as populações. A AWS propõe padrões para essa gestão aos quais várias empresas do setor já aderiram.

O Peru, classificado como o oitavo país do mundo com maior quantidade de água doce, e terceiro da América Latina depois do Brasil e da Colômbia, deve estar ciente de sua situação privilegiada e buscar uma melhor gestão de seus recursos hídricos, tanto para consumo humano quanto para o desenvolvimento das principais atividades econômicas, como o agronegócio.

Carla Toranzo, coordenadora para a América Latina e o Caribe da Alliance for Water Stewardship (AWS), aponta as grandes desigualdades de um país como o nosso, onde há estações e zonas em que o excesso de água provoca até desastres em áreas habitadas, enquanto em outras a população não tem água potável em suas casas.

“Um milhão e quinhentos mil peruanos têm água em casa apenas entre uma e três horas por dia. Mais de sete milhões de peruanos não têm rede de esgoto. A costa peruana, rica em água doce, não se distribui uniformemente pelo território. Segurança hídrica é ter água de boa qualidade XNUMX horas por dia. Cerca de dez milhões de peruanos não têm água XNUMX horas por dia”, ele representa.

A situação, é claro, não é exclusiva do Peru, já que no mundo mais de 80% das águas residuais não são tratadas adequadamente e são devolvidas aos campos e fontes de água.

Nessa carência, porém, há uma oportunidade, pois é possível buscar cobertura com autorizações para despejo e reaproveitamento em áreas agrícolas, principalmente em regiões desérticas.

E não se trata apenas de saúde, que é o principal, mas também de proteger uma força econômica, como o agronegócio: “Nos países europeus há uma preocupação sobre como é produzida no Peru em termos de uso da água”, diz. Toranzo.

Ele alerta que as notícias que chegam aos países do Hemisfério Norte nem sempre correspondem à realidade local sobre o tema, por isso é um desafio pendente para produtores e comerciantes que exportam trabalhar para tornar visível sua gestão responsável do uso de recursos hídricos.

Além disso, essa responsabilidade está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, que estabelece no ponto seis que até 2030 o acesso universal à água potável e ao saneamento deve ser garantido de forma equitativa. O porta-voz da AWS reconhece que existem indicadores de que este objetivo não será alcançado, pelo que é ainda mais urgente incentivar esta tarefa.

Aplicação de padrões a nível local
De fato, a AWS trabalha com uma série de empresas nacionais e internacionais, bem como entidades que apóiam sua causa, que buscam desenvolver e aplicar normas para a gestão da água. No país, destacam-se os casos da Agrícola Chapi, Sunfruits, Agrovision, Safco, Campos del Sur, Pampa Baja. “Você não pode olhar para uma fazenda ou fábrica sem olhar para a bacia, a infraestrutura hídrica natural. E se dividimos riscos na bacia com outras empresas, esses riscos não podem ser resolvidos apenas com eficiência hídrica em nossa fazenda, temos que ter uma visão de bacia”, completa.

Dessa forma, nasceu há uma década um padrão para o uso sustentável da água, que estabelece cinco etapas distintas a serem cumpridas: boa governança hídrica, balanço hídrico sustentável, boa qualidade da água, áreas importantes relacionadas à água; e água potável, saneamento e higiene para todos.

Esses pontos são a parte visível de um total de 80 indicadores em um plano de sustentabilidade para fazendas e bacias em que os desafios do setor são abordados com a estrutura de apoio nas comunidades vizinhas. “Vemos liderança no setor privado, também no setor estatal, como com a AGAP. Quando as empresas aplicam a norma, recebem um certificado de gestão sustentável da água”, complementa Toranzo, que destaca nesta linha que os casos da Agrovision e Pampa Baja foram avaliados positivamente em um relatório de governança da água da OCDE. Também está sendo desenvolvido um acordo entre o Município de Pueblo Nuevo (Chincha) e Sunass, que é um bom caso no campo público.

“O setor agroexportador, o setor de mineração, o setor têxtil, todos devemos estar a bordo de novas soluções, aprendendo mais”, concluiu.

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