A safra de mirtilo de 2025-26 está projetada para ser uma das mais intensas e complexas até o momento. Embora esta seja uma estimativa inicial — sujeita a ajustes — a perspectiva atual indica que o país deve exportar mais de 400 toneladas durante a campanha. “Temos que estar cientes dos grandes desafios que enfrentaremos neste ano”, alerta Luis Miguel Vegas, gerente do sindicato Proarándanos.

Em termos de logística, ele ressalta que movimentar mais de 20 toneladas de mirtilos frescos por semana colocará pressão máxima em toda a cadeia: da colheita e embalagem ao transporte interno, refrigeração, portos e espaço em navios e aviões. “A experiência da última campanha deve servir de alerta: o congestionamento no porto de Callao, somado à escassez de caminhões e motoristas, criou gargalos significativos que afetaram a eficiência logística. Soma-se a isso o fato de que, durante dezembro — um mês crítico da campanha —, a demanda por serviços logísticos dispara devido à sobreposição com o pico da temporada de uvas, o que aumenta a pressão sobre a infraestrutura existente”, ressalta.

O executivo acrescenta que, para resolver essa situação, o planejamento deve ser melhorado, os portos de partida diversificados, novos métodos de transporte (navios-tanque) adicionados, recursos logísticos essenciais garantidos e a coordenação público-privada fortalecida.

E em termos de vendas, estima-se que será essencial que as redes varejistas reforcem suas promoções durante os períodos de pico de chegada ao mercado, principalmente em novembro, quando se espera o maior volume no destino. Dessa forma, promoções e ativações que impulsionem o consumo serão fundamentais para manter o dinamismo do mercado, aumentando o volume previsto de embarques.

Além disso, a recente imposição de tarifas nos EUA, principal destino, complica um cenário em que o mais necessário é acelerar o consumo. Justamente quando a previsão é de que a oferta continue aumentando, enfrentamos barreiras que podem conter a demanda, o que é o oposto do ideal", enfatizou.

Por isso, Luis Miguel Vegas acredita que a campanha 2025-26 vai testar não só a capacidade operacional do setor, mas também a sua capacidade de promover mais e melhor o consumo de mirtilos. “Superar esses desafios exigirá um trabalho colaborativo entre todos os stakeholders da cadeia: produtores, exportadores, operadores logísticos, importadores, redes varejistas e autoridades”, conclui.