Por Bruno Nazario, advogado da Área de Transportes e Seguros da Araya & Cía. Advogados.

Atrasos no Porto de Roterdã: Um novo desafio para os exportadores agrícolas peruanos

O comércio internacional está enfrentando um novo desafio logístico: o Porto de Roterdã, um dos principais pontos de entrada de produtos perecíveis na Europa, está atualmente enfrentando um congestionamento significativo que está afetando o fluxo normal de embarcações. Essa situação levou a um aumento considerável nos tempos de trânsito para diversas rotas, impactando particularmente os exportadores do hemisfério sul que dependem desse porto como destino estratégico.

No caso do Peru, a situação tem impacto direto nas exportações de produtos frescos e perecíveis, onde os tempos logísticos são um fator crítico para a qualidade do produto final e o cumprimento dos compromissos comerciais.

O que está acontecendo em Roterdã?

Nas últimas semanas, o porto passou por uma combinação de fatores que desaceleraram suas operações. Entre eles estão:

  • Condições climáticas adversas nas principais rotas de navegação forçaram os navios a reduzir a velocidade ou atrasar sua chegada.
  • Desvios de rota devido à crise do Mar Vermelho aumentaram a pressão sobre portos do norte da Europa, como Roterdã, pois eles recebem volumes maiores de tráfego marítimo.
  • Limitações operacionais e congestionamento interno causaram atrasos na manutenção e descarregamento de embarcações, estendendo o tempo de espera para vários dias.
  • Greves trabalhistas inesperadas, como a que reduziu a capacidade operacional do terminal Delta II da Hutchison Ports em Maasvlakte em 50%. Embora a greve no Porto de Roterdã tenha sido resolvida em meados de março de 2025, os efeitos colaterais continuam a impactar a eficiência operacional e a estabilidade da cadeia de suprimentos.

De acordo com um relatório publicado pela Taxas marítimas Em março de 2025, Roterdã será atualmente o principal centro logístico na região europeia mais afetado por esses atrasos, com um tempo médio de permanência dos contêineres de 9.1 dias, tornando-se o porto mais congestionado dos últimos anos.

  • Os barcos ficam na fila esperando por até uma semana para ter acesso a um cais.
  • Na Europe Container Terminals (ECT) — uma das maiores operadoras portuárias, especializada em conexões marítimas e fluviais — as barcaças esperam entre 12 e 48 horas, e os alimentadores entre 24 e 48 horas.
  • No terminal Rotterdam World Gateway (RWG), uma instalação altamente eficiente e automatizada, todos os berços são ocupados por navios principais ou alimentadores, o que aumentou a utilização dos berços para 80%.

Impacto sobre os exportadores peruanos

Essa situação criou um gargalo logístico que afeta não apenas as companhias marítimas, mas também toda a cadeia de suprimentos de produtos perecíveis, muitos dos quais têm janelas de vendas estreitas e padrões de qualidade rigorosos no destino.

Para os exportadores peruanos de produtos frescos — como uvas, mangas, mirtilos, aspargos e frutas cítricas — esses atrasos representam um risco operacional significativo. Os efeitos mais comuns incluem perda de frescor ou qualidade do produto, com o consequente impacto em sua aceitação ou valor no mercado de destino. Aumento dos custos de logística devido a taxas de atraso, armazenamento adicional e despesas imprevistas devido a mudanças de itinerário. Risco de não conformidade contratual devido ao não cumprimento de prazos estabelecidos com compradores internacionais. Impacto na reputação comercial, especialmente em mercados como a Europa, onde pontualidade e rastreabilidade são aspectos fundamentais.

Ajuste panorâmico

Como resultado, as cadeias de suprimentos de exportação agrícola peruana estão sofrendo pressão significativa devido ao congestionamento em Roterdã. Embora as exportações agrícolas peruanas tenham crescido 23.7% em janeiro de 2025, atingindo US$ 1,354 bilhão, impulsionadas por produtos como uvas, mirtilos, mangas, abacates e outros, a saturação logística no porto europeu pode comprometer sua competitividade, principalmente devido ao risco de perda de qualidade, estouros de custos operacionais e restrições na disponibilidade de contêineres refrigerados.

Isso é particularmente preocupante para exportadores que usam Roterdã como porta de entrada para o continente europeu e que enfrentam requisitos de conformidade logística cada vez mais rigorosos.

Recomendações para exportadores

Diante desse cenário, é fundamental que as empresas exportadoras revejam seus contratos logísticos e comerciais, principalmente no que se refere a cláusulas de força maior ou responsabilidade por atrasos. Avalie a cobertura do seguro de carga e as condições de transporte. Mantenha uma comunicação fluida com seus clientes internacionais para antecipar potenciais inadimplências ou renegociações. Consulte consultores logísticos e jurídicos para gerenciar adequadamente as implicações contratuais e evitar grandes impactos.

O congestionamento em Roterdã é um lembrete claro da vulnerabilidade das cadeias logísticas globais e da importância do planejamento abrangente. Em um ambiente internacional cada vez mais volátil, antecipar riscos, revisar contratos e manter uma comunicação fluida com todos os atores da cadeia de suprimentos é essencial para manter a competitividade das exportações latino-americanas.

fonte
Araya & Cia.

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